sexta-feira, 9 de setembro de 2011

P'ra vocês...

Pensei em N maneiras de começar esse texto. E acho que a maneira mais adequada é como se começa um enterro. Nunca fui a um enterro, mas imagino que deva ser algo parecido como mandar depoimento no orkut. Tão constrangedor quanto. Faço 27 anos hoje. Eu me jurei nunca passar dos 27. Antes de Amy Whinehouse resolver banalizar a morte aos 27. Bem, ainda estou no meu prazo, tenho mais um ano pra decidir se morro ou se vou pro asilo.

Morrer aos 27 tem lá suas vantagens. Sempre vão falar como você era jovem e tinha uma vida inteira pela frente. Mesmo que você seja nerd, anti-social, black metal e tenha síndrome do panico, sempre vão achar que você tinha uma vida inteira pela frente. Quem frequenta a PGM sabe bem do que estou falando.

Tenho complexo de Peter Pan. Aos 27, idade de nego já estar longe estou saindo de casa, no meu primeiro emprego e conservo meu cabelo e meus piercings de quando era adolescente, pelo menos aqueles que minhas doenças ainda não expulsaram (tenho hospital semana que vem pra tirar os derradeiros que estão inflamados me mostrando que a fase passou).

E pra mim era digno morrer com o povo da creche, até que conheci o povo do asilo imaginário. Ontem vi um desenho de um bonequinho que ficava na água só pra ficar enrugado e ser considerado velho e poder ficar no asilo porque lá ele podia ser livre e era mais feliz que com as crianças que ele convivia. Fiquei pensando naquilo antes de dormir.

Acordei péssima, faltava só um dia pra eu chegar na idade das decisões. Tive um dia cheio, evitei lembranças, mas quando voltei pro cafofo tive que voltar a minha realidade e entrei no facebook.

Lá eu vi meus primeiros parabéns. Logo eu que detesto votos de feliz aniversário, fui TODA feliz ver o que me esperava e carregava o título de "Fada Camila".

Estava precisando de um UP na moral, mas encontrei muito mais que isso. Encontrei a homenagem de um grande amigo. Que só vejo pequenininho numa foto, mas que sempre tá ali, sempre todo feliz mesmo tendo que sair na chuva com um saco plástico na mão pra recolher cocô de cachorro. Que toma café até 1 da manhã mas nunca perde o sono. Saca o sono dos justos? deve ser o dele. Sono de criança, daquele que diz que vai pro asilo, mas é um menino ainda, com toda aquela ingenuidade caracteristica.

Outros amigos também comentaram em seguida, e todos fazem parte do asilo imaginário. Aquele que eu troquei pela creche, aquelas pessoas que eu acho que valem a pena passar o resto da vida vendo fantástico, novela e fofocando, nem sempre passando por coisas boas, mas tamo sempre ali, do mesmo lado do muro. E mais do que nunca, reitero que meu lado é do lado de cá, das véia pelancuda, aqui no asilo que a gente construiu e espero que possamos viver por muito tempo, enqto durar o que nós construimos, comendo as comidas da Lucy com nossas dentaduras, cuidando da Bah, nossa caçula, enfim, cada um fazendo o seu papel, porque cada um tem sua importância no asilo imaginário.

E eu que tanto temi os 27, não vejo a hora de ter 90 pra ir pra lá...


Com amor, Camila.

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